sábado, 29 de maio de 2010

A ATITUDE DOS LÍDERES DA CIDADE

Visto que se aproximava a colheita da cana-de-açúcar, os negociantes de Saint-Pierre asseguravam ao povo que não havia nenhum perigo. Os políticos, preocupados com a próxima eleição, tampouco queriam que o povo fugisse, de modo que se expressaram de maneira similar. De fato, o prefeito de outra cidade veio a Saint-Pierre para convencer o povo de que não havia nenhum motivo de alarme. Os líderes religiosos, o clero católico, cooperavam com os grupos comerciais e políticos na tentativa de persuadir seus paroquianos a crer que tudo estava bem.

Então aconteceu. Pouco antes das 8 horas da manhã do dia 8 de maio, o monte Pelée explodiu com um estupendo estrondo. Gigantescas nuvens pretas, superaquecidas, desceram com incrível velocidade para Saint-Pierre. Um escritor declarou:

“Os muitos milhares de cadáveres nas ruínas contavam todos a mesma história, de morte praticamente instantânea, quando o furacão cauterizante do monte Pelée chegou até eles. Não houve tempo para tentar fugir ou mesmo lutar; centenas de pessoas simplesmente morreram lá onde estavam. O gás quente fez o seu trabalho rapidamente, acabando com a vida de milhares no espaço de dois ou três minutos.”

Praticamente todos em Saint-Pierre morreram — umas 30.000 pessoas ou mais. Só três pessoas sobreviveram, e duas delas morreram pouco depois de seus ferimentos. O único a se recuperar de seus ferimentos e viver foi um jovem preso. Ele havia sido posto na masmorra, no fundo da prisão, onde foi encontrado alguns dias depois da explosão.

Até hoje existem em Saint-Pierre muitas ruínas, inclusive as da masmorra, dando testemunho do holocausto. Há também uma placa que fala das muitas centenas de pessoas que perderam a vida numa igreja católica, durante a missa.

O simples bom senso devia ter mandado abandonar Saint-Pierre quando o ar ficou tão ruim, que era difícil de respirar. E se os negociantes, os políticos e os clérigos se tivessem preocupado mais com a vida de seu povo do que com suas próprias vantagens imediatas, então, em vez de tentarem persuadir o povo a ficar, teriam junto com ele fugido da cidade. Isso lhes teria salvo a vida.

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