sábado, 29 de maio de 2010

Avisos que deviam ser acatados

ERA a primavera do ano 1902. Tudo estava andando normalmente na bela ilha antilhana de Martinica. A safra de cana-de-açúcar parecia promissora, e na cidade mais populosa da ilha, Saint-Pierre, os políticos estavam muito envolvidos numa campanha eleitoral.

Mas então, em fins de março, ocorreu um fenômeno que parecia macular o cenário venturoso. O monte Pelée (monte Pelado), que ficava a uns oito quilômetros de Saint-Pierre, tornou-se ativo. No começo, as pessoas não prestavam muita atenção. Em abril, porém, quando expeliu fumaça, cinzas e pedaços de rocha, junto com gases acres, o povo da cidade ficou apreensivo. Perto do fim de abril, uma senhora escreveu à sua irmã nos Estados Unidos:

“A cidade está coberta de cinzas. O cheiro de enxofre é tão forte que os cavalos na rua param e resfolegam. Muitas das pessoas se vêem obrigadas a usar lenços molhados para se protegerem contra os fortes gases.”

No começo de maio, a atividade vulcânica aumentou com freqüentes explosões bem altas. O jornal Les Colones, de Saint-Pierre, disse que “a chuva de cinzas nunca pára . . . não se ouve mais a passagem de carruagens pelas ruas. As rodas são abafadas”. Uma moradora de Saint-Pierre escreveu ao seu irmão em Marselha, na França:

“Escrevo sob as impressões mais tenebrosas, embora eu espere que esteja exagerando a situação. Meu marido ri; mas posso ver que está cheio de ansiedade. . . . O calor é sufocante. Não podemos deixar nada aberto; visto que o pó penetra em tudo, queimando-nos o rosto e os olhos. Todas as safras ficaram arruinadas.”

Devia ter sido evidente que havia verdadeiro perigo iminente. Mas, foram acatados os avisos procedentes do monte Pelée?

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