terça-feira, 6 de abril de 2010

Do Raio “Laser” ao Peixe-Gato

Embora inesperado, o desastre de Tangshan não foi de todo sem anúncio. Por quatorze meses de antemão um observatório na região “registrou crescentes movimentos ominosos ao longo da falha de terra em que ele se situava”, segundo uma reportagem em The New York Times. “Todavia, pela falta de outros sintomas premonitórios, não se expediu nenhum aviso.” Em contraste, o terremoto de Haich’ing foi precedido por uma ampla variedade de sinais de alerta, que incluía o estranho comportamento animal, que os chineses levam bastante a sério na previsão de terremotos. Por fim, antes de ocorrer o terremoto de Haich’ing sucederam-se vários abalos pequenos no dezembro anterior e de novo apenas alguns dias antes do terremoto. Foi a interrupção agourenta desses pré-abalos que convenceu as autoridades, a 4 de fevereiro, de que estava por ocorrer um tremor maior nas próximas horas.

Infelizmente, muitos terremotos não fogem à regra de que é sempre mais fácil identificar sinais de alerta depois que a calamidade assolou. Mas, em termos práticos, só os tremores incomuns, que fornecem abundantes e dramáticos sinais de aviso, são prováveis de ser preditos com êxito. “O problema é que de forma alguma dois terremotos são precedidos exatamente pelo mesmo conjunto de avisos”, observa certo escritor, “e mesmo estes sintomas podem ser desencaminhantes”.

Em resultado, atordoante variedade de possíveis indícios de terremotos são investigados aqui e acolá ao redor do mundo. Eis alguns deles:

Comportamento animal: Histórias que falam de peixes-gatos saltitantes antes dos terremotos são tão comuns que se pensava certa vez que “os terremotos eram ocasionados por sua agitação em torno das correntes subterrâneas”, veicula Science Digest. Os japoneses têm feito testes com dez peixes-gatos de Tóquio e relatam que eles “agiram de modo anormal antes de 85 por cento dos terremotos suficientemente grandes para serem sentidos pelos humanos, numa experiência de sete meses”. Será que os peixes ficam inquietos com os “gemidos” de freqüência bem baixa ou com os “estrondos” de alta freqüência que ecoam de rochas deslocadas antes de romperem no subterrâneo profundo? Talvez. Outros animais dos quais se diz que adotam um comportamento estranho antes dos terremotos incluem cobras, ratos, gansos, porcos, vacas e cães, todos os quais foram observados praticar diabruras antes do terremoto de Haich’ing.

Alterações no terreno: Este método de predição de terremotos parece mais “científico” que observar os animais, visto que envolve numerosos aparelhos sofisticados, tais como raios laser para registrar mudanças no nível do solo, e teodolitos para detectar a menor alteração na inclinação local. Outros dispositivos examinam os campos magnético e gravitacional locais. Se o solo se ergue, se afunda, ou se inclina, os cientistas têm pistas quanto ao que pode estar ocorrendo bem abaixo da superfície, onde geralmente ocorrem os terremotos. O aparato instrumental, no entanto, não representa automaticamente uma melhor predição de terremotos. Já por anos os cientistas observam o solo levantar-se e baixar-se na região de Palmdale, Califórnia, EUA. Ainda não estão certos do que tudo isso representa.

Alterações em poços d’água: Quando a água que jorrava de um poço artesiano na Ásia central diminuiu drasticamente, cientistas soviéticos predisseram que se aproximava um terremoto. Seis horas depois o poço secou-se por completo e ocorreu um forte tremor. Outra técnica muito popular é a medição de gás radônio em poços d’água. O gás emana dos átomos de rádio que escaparam das rochas abaixo da superfície. Se as rochas estão prestes a se despedaçar, devido à tensão acumulada, elas primeiro produzem pequenas rachaduras. A água pode penetrar nelas e absorver o radônio.

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