quinta-feira, 8 de abril de 2010

Por que o aumento?

Para obter uma resposta, primeiro note a diferença entre fenômeno natural e desastre natural. O primeiro é um evento natural — como uma enchente ou um terremoto — com potencial de virar uma tragédia, embora nem sempre isso aconteça. Por exemplo, as inundações na desabitada bacia amazônica, no Brasil, são eventos naturais que causam poucos danos. Mas as inundações em Bangladesh, no seu densamente povoado delta do Ganges, causam amplas perdas humanas, materiais e ambientais. Muitas vezes tais perdas são tão desastrosas que as comunidades assoladas não conseguem superá-las sem ajuda de fora. Nestes casos, o fenômeno natural passa a ser desastre natural. Mas, por que aumentam essas catastróficas colisões entre homem e natureza?

James P. Bruce, especialista no assunto, diz que “uma tendência de aumento na gravidade e na freqüência de fenômenos naturais” pode ser “um fator contribuinte”. Ele e outros cientistas concordam, porém, que a causa principal do aumento de catástrofes não é o aumento de fenômenos naturais, mas sim uma maior exposição do homem a tais eventos. Esta aumentada exposição, frisa a revista A Saúde do Mundo, é causada por uma “mistura em evolução de condições demográficas, ecológicas e tecnológicas”. Quais são alguns dos componentes dessa mistura provocadora de desastres?

Por um lado, a crescente população mundial. Com o contínuo aumento da família humana, as probabilidades de que um fenômeno natural venha a atingir parte dos 5,6 bilhões de pessoas no mundo, também aumentam. Ademais, a crescente densidade demográfica continua a forçar milhões de pobres a morar em prédios inseguros, em áreas conhecidas por investidas regulares da natureza. O resultado não surpreende: desde 1960, a população mundial dobrou, mas as perdas provocadas por catástrofes aumentaram quase dez vezes!

Mudanças ambientais agravam os problemas. Do Nepal ao Amazonas, das planícies da América do Norte às ilhas do Pacífico, o homem está derrubando as florestas, arruinando o solo pelo excesso de cultivo, destruindo barreiras costeiras e deixando um rastro de outros estragos ecológicos — mas não sem custo. “À medida que forçamos a capacidade de resistência do meio ambiente e alteramos o seu perfil”, diz um ex-diretor da IDNDR, Robert Hamilton, “aumentam as probabilidades de um fenômeno natural virar uma catástrofe”.

Mas, se as ações do homem contribuem para o atual aumento de manchetes sobre catástrofes, o oposto também é verdade: tomando medidas preventivas, o homem pode mudar as manchetes de amanhã. A morte e a destruição podem ser minimizadas. Por exemplo, 90% das mortes por terremotos, dizem os especialistas, podem ser evitadas. Não obstante, embora os argumentos em favor da prevenção sejam irrefutáveis, muitos ainda acham que as tragédias são inevitáveis. Este conceito fatalístico, segundo a UNESCO Environment and Development Briefs, é “a maior barreira contra a redução de tragédias”. Em que lado dessa barreira você está?

Nenhum comentário: