quinta-feira, 8 de abril de 2010

As reservas estão diminuindo

“Uma das grandes contradições da natureza humana é que só damos valor às coisas quando elas se tornam escassas”, diz Elizabeth Dowdeswell, subsecretária-geral da ONU. “Só entendemos o valor da água quando o poço seca. E os poços estão secando, não só em regiões sujeitas a secas, mas também em lugares que em geral não são associados à escassez de água.”

Pessoas que diariamente enfrentam a escassez de água entendem bem o problema. Todo dia de manhã, Asokan, que trabalha num escritório em Madras, na Índia, tem de se levantar duas horas antes do amanhecer. Ele vai a uma bica comunitária, que fica a cinco minutos de caminhada, carregando cinco baldes. Visto que a água só está disponível das 4 às 6 da manhã, ele precisa entrar na fila cedo. A água que ele leva para casa nos baldes tem de durar o dia inteiro. Muitos outros indianos — e mais um bilhão de pessoas no planeta — não têm tanta sorte. Eles não têm bica nem rio ou poço perto de casa.

Entre esses está Abdullah, um menino que vive na região do Sahel, na África. A placa na estrada que vai para seu povoado diz que esse é um oásis; mas a água desapareceu há muito tempo e mal se vê uma árvore. A tarefa de Abdullah é ir buscar água para a família em um poço que fica a cerca de um quilômetro de distância.

Em algumas partes do mundo, a demanda por água potável já excede as reservas. A razão é simples: grande parte da humanidade vive em regiões áridas ou semi-áridas, onde a água sempre foi escassa. (Veja o mapa na página 3.) Segundo o Instituto Ambiental de Estocolmo, um terço da população mundial vive em regiões que já sofrem de escassez de água de grau moderado a grave. E a demanda por água tem um aumento mais de duas vezes superior ao crescimento populacional.

O suprimento de água, por outro lado, é basicamente fixo. Poços mais profundos e novos reservatórios às vezes trazem alívio temporário, mas a quantidade de chuva que cai na terra e a de água depositada no subsolo permanece essencialmente inalterada. Portanto, os meteorologistas calculam que dentro de 25 anos a quantidade de água disponível para cada pessoa na Terra deve cair para a metade.

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